O domínio da leitura e da escrita comumente tem sido uma preocupação dos educadores, pais e às vezes da própria criança. Há pequenos que entram na escola com 4 meses de vida e cedo são iniciados na imersão da leitura e da escrita, como se fosse o único conteúdo necessário a ser trabalhado, o mais importante, mesmo a criança estando na Educação Infantil.
A Educação Infantil, que deveria ser lugar privilegiado do conhecimento de si, da fala, da socialização, do brincar, da imaginação, da vivência maravilhosa, do som, do movimento, do traço, da cor, da forma, da transformação e da descoberta do mundo, muitas vezes passa a ser um local predominantemente com mesa, cadeira, lápis, borracha, com a criança sentada e escrevendo palavras sem sentido, aprendendo o que ainda não é necessário em sua vida.
Diante disso, como pensar a Educação Infantil? Na lei de Diretrizes Bases da Educação Nacional (1996) do Brasil, há que essa primeira etapa da educação básica deve possibilitar o desenvolvimento integral das crianças nos aspectos físicos, afetivos, psicológicos, intelectuais e sociais.
Assim, a Educação Infantil não pode ser uma etapa em que somente tenha o oferecimento da leitura e da escrita, pois há uma diversidade de conteúdos a serem aprendidos, inclusive há aspectos socioemocionais a serem desenvolvidos. As crianças precisam da oportunidade de, no ambiente escolar, aprenderem a gerenciar suas emoções, integrando-as com o pensamento.
Dessa forma, na primeira etapa da educação básica, ofereça tudo que desenvolva integralmente a criança, tendo o lúdico como eixo central das atividades, possibilitando que elas possam colorir seus mundos e brincar de diversas formas utilizando: brinquedos, imaginação, aparelhos recreativos, tintas, papéis, sucatas e as demais possibilidades possíveis.
Ofereça um ambiente letrado, mas permita que as crianças desenhem com diversos riscadores e suportes, deixe que explorem os diversos materiais e então, no momento oportuno, o desenho não será mais suficiente para se expressarem, terão a necessidade de ler e escrever e perguntarão: como se escreve? Qual letra eu uso? O que está escrito?
Ao educador e a família cabe lembrar que a alfabetização não é “melhor ser realizada o quanto antes”, mas o que pode ser realizado o quanto antes é um ambiente cultural rico de experiências para as crianças, um ambiente que crie necessidades de aprendizados, lembrando sempre que: a criança não é “sem” linguagens, mas ao contrário, como afirmou Loris Malaguzzi, a criança é feita de cem linguagens:
As cem linguagens da criança
A criança é feita de cem.
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar,
de jogar e de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.
A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem),
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e de cem,
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação,
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário,
as cem existem.
Referência
BRASIL, Lei nº 9394, 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.
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Bem isso mesmo, infelizmente o que temos vivido. Quando fiz estágio na educação infantil na rede particular de ensino fiquei chocada com a quantidade de tarefas e responsabilidades que os pequenos tem. Esse tem que ser o momento da descoberta da criança. Amei o texto!!! Parabéns!
Muito obrigada (:
Lindo texto! Muito pertinente para os dias de hoje, onde a escolarização chega cada vez mais cedo para nossas crianças
Nós também achamos (:
Excelente texto
Ficamos felizes que gostaram!
Texto fantástico!
Muito obrigada (:
Super concordo! Não devemos forçar a alfabetização e sim proporcionar momentos de descobertas para as crianças, assim chegará um momento em que eles mesmos irão perguntar o motivo, a letra, o porquê das coisas. Cada um tem seu tempo e particularidade 👏🏻 parabéns, excelente texto!