O dia 7 de abril é conhecido como Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola. Essa data, instituída pela Lei nº 13.277, de 29 de abril de 2016, marca a tragédia de Realengo em 2011, mas também acompanha uma série de episódios violentos que têm ocorrido no cenário escolar, assim como têm assumido um papel silencioso nas mídias sociais, mas na mesma medida perigoso, com o conhecido cyberbullying.

Apesar de termos no Brasil a lei 13.185/2015, que fixa que “é dever do estabelecimento de ensino, dos clubes e das agremiações recreativas assegurar medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate à violência e à intimidação sistemática contra o bullying e o cyberbullying”, percebemos que ainda é um tabu falar sobre esse tema e com isso vemos muitas instituições e familiares se isentando dessas discussões.

Por isso, vamos falar sobre essa problemática de modo a refletirmos a respeito da importância de se discutir essas questões em nosso dia a dia, seja nas escolas ou em nossos lares.

Um dos primeiros grandes aspectos que precisamos considerar é que o bullying não escolhe escola, não escolhe condição social, cor, gênero. Ele acontece em todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas, acontece com crianças pequenas, com adolescentes, jovens e até mesmo com adultos em seus respectivos ambientes de trabalho.

Uma vez que temos esse entendimento, podemos então perceber que toda e qualquer pessoa pode, com maior ou menor intensidade, passar por situações de bullying ou cyberbullying. Para termos uma definição mais clara se já passamos por isso ou se um aluno ou familiar já passou, precisamos considerar o que significa o bullying.

Podemos dizer que ele é marcado pela junção de alguns aspectos, sendo pela intencionalidade, pelos comportamentos agressivos e repetitivos realizados por um indivíduo ou um grupo contra outro, através de agressões verbais ou físicas, numa relação desigual de poder, ou seja, a vítima não tem a possibilidade de se defender devido a uma limitação física ou intelectual e essa violência lhe causa real sofrimento.

De quais formas podemos observar o desenvolvimento do bullying? Ele pode ser observado na violência em desenhos, bilhetinhos, gestos ou atitudes que buscam sempre humilhar a vítima.

Com as escolas fechadas desde março de 2020, com o início do distanciamento social em decorrência da Covid-19, essas ações diminuíram, mas não foram excluídas. Elas apenas passaram a ser desenvolvidas em um cenário diferente e talvez, podemos dizer, ainda mais perigoso em função de passar a falsa impressão de ser um local sem a observação de um adulto, inclusive pelas possibilidades de manipulação de imagens através dos aplicativos existentes, assim como pela rapidez da divulgação e pulverização dessas ações. Estamos falando do cyberbullying, o bullying desenvolvido na internet.

Independentemente da forma, física ou virtual, as implicações na atualidade são devastadoras. Estudos científicos alertam que adolescentes entre 12 e 15 anos que sofrem bullying na escola apresentam risco até três vezes maior de tentar o suicídio. Além disso, aqueles que passam por essas violências tendem a desenvolver marcas profundas em suas vidas, prejudicando-a em diversos aspectos como as emoções, a alimentação, a autoestima, o bem-estar, o rendimento escolar, a socialização, dentre outros.

Agora que já sabemos sobre as implicações, precisamos pensar nas possibilidades. Diante desse cenário, como profissionais, quais ações podemos indicar para as escolas e famílias?

  1. Precisamos reconhecer a existência do Bullying e do Cyberbullying: negar essa violência só irá atrapalhar nosso caminho;
  2. Com urgência, devemos informar nossos alunos e filhos sobre a situação, oferecendo informações reais e adequadas à faixa-etária para que eles entendam o que é;
  3. Precisamos instrumentalizar todos os envolvidos nesses espaços. Destacamos aqui uma ação: cursos sobre desenvolvimento de habilidades socioemocionais para crianças, adolescentes, pais e educadores, para que eles conheçam ferramentas para se protegerem em situações reais;
  4. Prevenção: essa é a palavra-chave! Podemos trazer essas questões para momentos em família; podemos desenvolver projetos sistemáticos na escola, a serem trabalhados ao longo do ano letivo; podemos prevenir essa violência de várias formas, através de bate papos, ludicidade etc.
  5. Em caso de bullying ou cyberbullying já instaurado ou em desenvolvimento, precisamos acionar profissionais e autoridades responsáveis. Não podemos deixar de dizer que essa prática é crime e, sim, pessoas podem e devem ser penalizadas por essa violência.

A Brain Academy é uma empresa que tem em sua essência o propósito de ajudar pessoas a desenvolverem suas habilidades socioemocionais e a função executiva. Com uma trilha pedagógica que contempla desde o desenvolvimento da autoconsciência até as habilidades sociais, ela consegue com intencionalidades específicas promover a prevenção de questões prejudiciais à saúde, como o bullying e o cyberbullying, promovendo saúde mental e qualidade de vida para quem precisa refletir sobre o assunto, mas também possui ferramentas para ajudar quem já passou por tais situações.

Considerando essas ações, podemos enfrentar essa realidade somando forças de todas as famílias e instituições, aliás, de toda a sociedade, para propormos sempre ações educacionais preventivas, de modo a impactar toda a comunidade. Não precisamos esperar uma data para reforçar a necessidade de desenvolver habilidades emocionais para lidarmos com essas questões e auxiliarmos na formação de uma sociedade mais justa, igualitária e harmoniosa.

Dra. Maewa Martina
Dra. Maewa Martina
Doutora e Mestre em Educação. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional e Atendimento Educacional Especializado. Atualmente é Professora Universitária e de Educação Especial. Integra a equipe de Desenvolvimento de Conteúdos Pedagógicos da Brain Academy.

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