O comportamento humano tem sido um dos objetos de estudo preferido pelos cientistas. Não é para menos, pois na era da instantaneidade as oportunidades de emprego estão com suas portas abertas para os profissionais que se sobressaem por suas habilidades socioeducacionais, dentre as quais destacamos o relacionamento, a criatividade, o diálogo, a inteligência emocional e a resolução de problemas. Então, compreender o que se passa na cabeça de cada indivíduo é muito importante e acima de tudo desafiador, pois o “cérebro muda o tempo inteiro e isto é da nossa natureza”, destaca a neurocientista Carla Tieppo.

 Diante disso, o Google, por meio do projeto Aristóteles, buscou entender qual é o segredo de seus funcionários mais produtivos. Assim, esse “gigante de buscas” apoiou uma equipe multidisciplinar de pesquisadores – formada por estatísticos, psicólogos e engenheiros – que se dedicou a estudar o comportamento de 180 equipes internas para descobrir o que interfere nos resultados de uma empresa. Os pesquisadores procuraram desvendar o segredo do sucesso dos funcionários eficientes e a origem da química entre as equipes de bons resultados, correlacionando com os interesses comuns e as amizades fora das salas dos escritórios. Os primeiros resultados foram compartilhados em 2014; entretanto, não puderam ser comprovados estatisticamente – algo relativamente normal quando se estuda a emaranhada e intrincada mente humana, porque “cada cabeça, uma sentença”.

Independente disso, o estudo mostrou que a interação entre as equipes de maior sucesso depende do modo como elas se sentem no ambiente de trabalho, da frequência e da clareza com que ocorre a devolutiva de desempenho, bem como das expressões faciais mostradas nas conversas. A este comportamento denominou-se segurança psicológica, quando os funcionários se sentem à vontade para pedir ajuda e expor suas ideias sem medo de sofrer críticas destrutivas ou ameaças de qualquer natureza, e quando são informados sobre o que se espera deles, porque são poucos aqueles que conhecem o seu real papel nas estratégias das empresas onde trabalham.

Quando falamos do comportamento humano, logo a imaginação remete ao cérebro, porque do ponto de vista biológico é ele quem ativa músculos e libera substâncias químicas que se refletem nas atitudes e nas reações do indivíduo no meio social. O cérebro, que concentra o pensamento, as atividades intelectuais e psíquicas, é formado por 86 bilhões de neurônios, que a partir de um estímulo saem do estado de repouso para um potencial de ação, propagando-se por meio de substâncias neurotransmissoras, tais como: acetilcolina, endorfina, serotonina, dopamina, cortisol e ocitocina. Essas substâncias, produzidas e liberadas pelos neurônios, estão associadas à dor, prazer, memória, foco, risco, recompensa, motivação, aprendizagem, euforia, êxtase, humor, apetite, sono, movimentação motora, intimidade, interações sociais e confiança. A atuação de um neurotransmissor excitatório ou inibidor, depende do tipo de estímulo recebido. No caso da recompensa, é liberada a dopamina. Por outro lado, a ameaça ou insegurança libera o cortisol, hormônio do estresse, que pode prejudicar o desempenho ao interferir no raciocínio e na atenção.

Segundo o economista e neurocientista Paul Zak, “a ocitocina é a base das relações de confiança” e “confiança gera lucro”, pois com o estímulo da ocitocina há aumento da interação social, criatividade, colaboração, disposição de assumir sacrifícios e empatia. Felizmente, observa-se que já existem empresas adotando práticas para tornar o ambiente de trabalho mais saudável e confiável, o que vai ao encontro dos resultados desse estudo patrocinado pelo Google.

A seguir, algumas práticas que vem sendo adotadas por pessoas e/ou corporações para aumentar o desempenho e preservar a saúde física e mental de seus funcionários: cuidar do sono; tomar decisões bem alimentado; oferecer apoio psicológico; manter uma alimentação saudável; praticar esportes e atividades físicas; acreditar na melhoria contínua; praticar a comunicação não violenta; investir na meditação; estimular a colaboração; criar um ambiente de confiança; buscar o autoconhecimento; dar clareza aos objetivos e papéis; evitar quebras de concentração e interrupção; permitir momentos de transição na carreira, concedendo promoções, movimentos laterais, movimentos para baixo e oportunidades de escolha de área e equipe a fim de reter talentos.

Texto baseado na reportagem da Revista Exame:  O segredo dos funcionários mais produtivos.

Link: https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-quimica-da-mente-produtiva/

Joel Buecke
Joel Buecke
Engenheiro Agrônomo com especialização na Proteção de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa e especialização no Manejo Integrado de Pragas e Receituário Agronômico pela Universidade Federal de Lavras.

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