A reflexão acerca desse assunto surgiu com base na minha experiência pessoal e também profissional. Atualmente, sou professor efetivo em uma escola estadual do Estado de São Paulo, atuando como professor em Sala de Recursos com alunos que apresentam necessidades educacionais especiais. Também atuo como professor na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, atendendo esse mesmo público. Já se foram mais de 10 anos atuando com alunos que apresentam alguma condição educacional especial.
Durante esse período convivendo com eles, aprendi que a felicidade não está diretamente relacionada às suas condições físicas, sociais ou intelectuais, porque apesar de não terem as mesmas condições e status de pessoas consideradas pela sociedade como bem-sucedidas, elas são felizes porque aprenderam a valorizar cada uma das experiências que podem ter, demonstrando através do olhar, do sorrir, do abraçar, por intermédio das vitórias apresentadas a cada movimento, a cada interação.
Compreendi, convivendo com essas pessoas, que não adianta poder ir onde quiser por ter muito dinheiro, não adianta ser campeão de um torneio por ser o mais forte ou mais inteligente se você não sabe valorizar as emoções que antecedem a chegada.
É importante ressaltar que eles também sentem frustações, choram, decepcionam-se, mas logo superam, porque preferem investir seu tempo vivenciando emoções mais positivas. Preferem perdoar a colocar apenas no outro a culpa pelo erro, preferem abraçar a odiar.
Chegamos, então, ao ponto que considero mais importante: saber lidar com as emoções. Como professor, passo a maior parte do tempo ensinando esses alunos a usar a razão para gerenciar suas emoções. Assim, ao mesmo tempo em que os ensinava, eu também percebia que deveria aprender isso.
Com o passar do tempo, o aforismo “conhece-te a ti mesmo” começou a fazer sentido na minha vida pessoal e profissional. Comecei a olhar para minhas emoções e sentimentos como eu ainda não tinha feito.
Olhando para as minhas emoções, percebi que falhar, errar e frustrar-se são mais comuns que as nossas vitórias, porém não investimos nosso tempo refletindo sobre isso. Cotidianamente, não há tempo para pensar nos nossos erros porque queremos é ser felizes. No entanto, para ser feliz não podemos caminhar com nossos erros e, por isso, transferimos com bastante facilidade esse problema para alguém.
O maior aprendizado que posso levar comigo, sendo docente, é validar e valorizar cada experiência vivenciada, incluindo as falhas, os erros e as decepções. Transferir para o outro a responsabilidade por esses acontecimentos demonstra apenas que não estamos preparados.
Atualmente, essa reflexão norteia minha vida profissional, pois como professor é fundamental não transferir para o aluno a total responsabilidade pelo aprendizado não adquirido.
Além disso, não posso desacreditar da minha competência e potencialidade como professor. É preciso ter um equilíbrio, ou melhor, saber gerenciar as emoções do processo que antecede as nossas escolhas.
“O ser humano é considerado um animal racional”. Essa é uma afirmação popularmente conhecida e que nos leva a perceber a supervalorização da razão, a não pensarmos nas potencialidades que giram em torno das emoções humanas. Por isso, é preciso pensar e refletir sobre nossas emoções, pois elas podem ser a chave para uma prática docente saudável e significativa, a chave para o sucesso.
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