Quero iniciar meu texto comparando minha vida antes da quarentena com um carro em alta velocidade. Não conseguia enxergar muito bem as coisas que passavam ao meu redor; era tão corrido e cheio de atividades. Vivíamos de um lado para o outro, entre dois empregos, duas filhas com agenda cheia, minhas atividades físicas, fora as tarefas domésticas. Ficávamos mais fora de casa do que dentro. Eu estava com as minhas filhas, mas não tinha muito tempo de qualidade com elas.
O dia era bem agitado, com horário contado para tudo. Muitas vezes faltava tempo para organizar as bagunças do guarda roupa, sentar e conversar tranquilamente com meu marido, minhas filhas… Cuidar das plantas era bem raro – tentei várias vezes, mas muitas acabavam morrendo.
Porém, nas últimas três semanas minha vida mudou muito! É como se o carro tivesse freado bruscamente. Foi um susto e tanto! Todos nós sentimos muito esse impacto.
No começo, foi difícil explicar para as meninas o que estava acontecendo, porque nem nós estávamos entendendo o que era realmente.
Toda mudança traz um incômodo, não é mesmo? E para nós, inicialmente, trouxe também.
Hoje, estou trabalhando em home office para a Brain Academy®, o outro trabalho tive que parar totalmente por determinação legal. Tenho mais louça para lavar, porque as meninas comem e bebem a todo o momento. A casa agora vive suja; tenho que varrer mais vezes e cozinhar mais. Contudo, fico mais tranquila, pois meu marido também está trabalhando em casa e tem me ajudado. Sem contar que as meninas, mesmo pequeninas, adoram colaborar na cozinha, lavando um banheiro… Aí, aproveito o momento para ensiná-las sobre as tarefas domésticas. Vejo o quanto elas têm se tornado mais autônomas nas atividades da casa. Recentemente, vi a caçulinha trocando o rolo de papel higiênico vazio por um novo. Parece tão bobinho, não é? Mas, achei incrível essa iniciativa por parte dela.
No período da manhã, durante a semana, antes de começarmos as atividades escolares das crianças (Ah, é! Agora sou professora também, ou, aliás, tentando ser), mantenho uma organização, uma lista na parede do que as meninas precisam fazer ao acordar, como arrumar a cama, escovar os dentes, pentear o cabelo, lavar o rosto e assim por diante. Elas olham o desenho e se realizaram a tarefa, colocam um ok. Lógico que antes disso elas dão uma certa enrolada no sofá, mas depois vão e fazem tudo certinho. Parece simples, mas isso tem ajudado muito emocionalmente tanto as crianças como a mim.
Após esse período, começamos as atividades enviadas pela escola. Nessa hora, se você tem mais de um filho e precisa ajudar os dois, um bom conselho é fazer separado para conseguir dar uma boa atenção. Como tenho uma filha com 6 anos e outra com 4, preciso ajudar na leitura e compreensão a todo o momento. Primeiro, acompanho a Tiemi, minha mais velha, e depois a Luri. Achei legal a iniciativa da Tiemi em ajudar sua irmã a ler, ensinando as letras, os números… É muito lindo admirar esse momento, poder ver de perto o crescimento e desenvolvimento delas.
No período da tarde, paro por algumas horas meu trabalho para brincar com elas, aplicar as atividades que temos indicado para os pais dos alunos da Brain Academy®, que visam a estimular criatividade, curiosidade, imaginação, resolução de problemas e controle inibitório. Deixo-as desenvolverem a maior parte sozinhas. Assim, posso trabalhar os números, as quantidades, a motricidade e, principalmente, as emoções, quando elas surgem. Tem sido um tempo mágico, em que consigo parar e apreciar as filhas lindas e fortes que elas têm se tornado. O mesmo acontece com os feijões que as meninas plantaram. Poder observar e cuidar dia a dia tem nos mostrado as maravilhas que perdemos quando estamos na correria.
À noite, olhar o céu era uma coisa rara. Hoje olhamos quase todos os dias, encantados com a lua e as estrelas, sempre lembrando que o criador de todas essas coisas é Deus!
Quanto ao coronavírus, minhas filhas sabem da existência dele, do que precisa ser feito, como se proteger. Temos orado pelo Brasil e pelo mundo todas as noites. Tenho trabalhado com elas para olharem o lado bom que esse tempo dentro de casa tem proporcionado.
Durante um jantar, perguntei para elas o que é motivo de gratidão nessa quarentena. A resposta foi: ficar o dia todo com a família! Isso encheu meu coração de alegria!
Agradeço a Deus por esse tempo de crescimento e aprendizados!
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