Temos o hábito de imaginar que estar gestante é algo sublime e mágico, e, para muitas, de fato é. Todavia, gestar também traz uma série de sentimentos, por vezes, contraditórios. Normalmente, por questões hormonais, culturais e psicológicas, as grávidas já experimentam uma série de altos e baixos. Alegria, satisfação, medo, ansiedade, culpa são alguns dos sentimentos ambíguos que elas vivenciam ao longo da sua gestação.
Essa experiência, que já era acompanhada de uma montanha de sentimentos, ficou ainda mais intensa com a chegada da covid-19. Esperar por um filho em tempos de pandemia tem despertado uma série de angústias nas futuras mães e a avalanche de informações, por vezes, até desencontradas, têm-nas deixado mais preocupadas. Mas, fiquem calmas, respirem e leiam as dicas que daremos para amenizar algumas dessas angústias.
Como fica agora meu pré-natal?
As consultas não devem ser suspensas! Embora haja a preocupação de se fazer o distanciamento social para diminuir o número de pessoas circulando, os atendimentos precisam ser MANTIDOS presencialmente, com todos os cuidados sanitários necessários, tais como: adaptação da logística do serviço de saúde para que a gestante não tenha contato com pessoas doentes, agendamento de consultas em horários mais distantes entre as grávidas, uso de máscaras, álcool em gel etc. É importante lembrar que o acompanhamento ofertado pelo pré-natal é imprescindível para reduzir complicações nas mulheres grávidas e em seus bebês.
Como fica o direito ao acompanhante?
A presença do acompanhante é GARANTIDA PELA LEI FEDERAL n. 11.108/05. A escolha pelo acompanhante é sempre da gestante, contudo, em tempos de pandemia, é importante que seja alguém que esteja SAUDÁVEL e não pertença ao grupo de risco. A nota técnica n. 9/2020 do Ministério da Saúde traz uma série de informações para triagem de gestantes e seus acompanhantes, tais como: acompanhantes assintomáticos devem ser permitidos quando a gestante for assintomática, não suspeita ou testada negativamente para o vírus; em caso de gestantes positivas ou suspeitas para covid-19, o acompanhante deverá ser alguém do seu convívio diário.
Além disso, a nota técnica SUGERE que a presença do acompanhante após o parto seja mantida apenas se houver alguma instabilidade clínica da mulher ou do recém-nascido. Nas demais situações, é RECOMENDADO a suspensão do acompanhamento para evitar um maior fluxo de pessoas nas maternidades.
Como fica a situação das doulas?
Para quem ainda não conhece o que é uma doula, explico: doulas são profissionais que dão suporte físico e emocional para a gestante antes, durante e após o parto. A doula não é parteira nem enfermeira, por isso NÃO PODE fazer qualquer PROCEDIMENTO TÉCNICO, e também NÃO SUBSTITUI a presença do acompanhante. A sua responsabilidade é fazer o acolhimento da gestante, possibilitando a ela o bem-estar físico e emocional. Além disso, a doula também auxilia o casal na busca e filtragem de informações para tomada de decisões sobre a escolha do tipo de parto, suas fases e a melhor hora de ir para o hospital, as intervenções que poderão ocorrer durante o parto etc.
Embora em alguns estados e cidades exista a Lei da Doula, que garante às mulheres o direito de ser acompanhada por uma, há relatos que muitos hospitais estão BARRANDO a sua ENTRADA. Todavia, mesmo que a doula seja impedida de estar com você durante o trabalho de parto, ela ainda pode AJUDAR muito à DISTÂNCIA. Como? Fazendo as consultas online para a preparação para o parto, ajudando a buscar boas fontes de pesquisa para que você possa tomar as decisões sobre o parto e pós-parto, auxiliando na elaboração do seu plano de parto (explico sobre isso logo mais), acompanhando o desenrolar das fases do trabalho de parto e a contagem das contrações para saber o melhor momento de ir para maternidade, auxiliando o seu acompanhante com dicas de métodos não farmacológicos de alívio da dor.
Além de tudo isso, ela será mais uma pessoa para compor sua REDE DE APOIO e poderá ser colo, mesmo que virtual, para acolher seus medos, angústias e ansiedades.
O que é plano de parto e qual sua importância em tempos de pandemia?
O plano de parto é um documento onde a gestante e seus familiares MANIFESTAM seus DESEJOS em relação ao parto, pós-parto e recepção ao recém-nascido. Ele é uma importante ferramenta de estudo e empoderamento sobre a humanização na gestação e nascimento. Além de ser um DOCUMENTO PREVENTIVO contra a violência obstétrica que, muitas vezes, somos submetidas sem ao menos saber que fomos vítimas.
Na internet, diversos sites fornecem modelos de plano de parto. Dentre eles, recomendamos a página “AMIGAS DO PARTO”, que traz informações de qualidade sobre o que é um plano de parto, como fazer e as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o parto. Essas explicações podem ser consultadas no site: https://buff.ly/33vG5z2.
Vale lembrar que o processo de estudo e elaboração do plano de parto NÃO DEVE ser feito somente pela gestante, mas também por seu acompanhante, pois ele será sua voz na hora do parto. Um acompanhante bem informado, principalmente agora que as doulas estão sendo impedidas em muitos locais, de estar presente na hora do parto; é uma estratégia eficiente para uma boa experiência de parto e pós-parto
Para mais informações, consulte o livro “Gestação e parto em tempos de coronavírus”, da psicóloga e doula Érica de Paula. Disponível em: https://ericadepaula.kpages.online/gestacao-e-corona
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