Nada me encanta mais do que acompanhar o movimento curioso dos olhos de uma criança engajada em desvendar o que para ela se constitui um mistério. É como se pudéssemos ver a complexidade dos milhões de conexões que seu cérebro está gerando.

Para a criança, tudo é novo, intrigante e desafiador. As sinapses disparadas entre os bilhões de neurônios com que nascem, criam redes de conhecimento que são fortalecidas através da estimulação intencional ou de novas experiências. Disso decorre a necessidade de proporcionarmos novas experiências que, quando dotadas de carga emocional significativa deixam marcas indeléveis na memória infantil.

Quando fixamos nosso olhar nos olhos de uma criança que está aprendendo algo novo, podemos ver o brilho da sua curiosidade, do seu desejo de aprender, de realizar, da alegria de cumprir com sua missão. Para que esse brilho se mantenha com os passar dos anos, e o cérebro da criança se desenvolva em sua potencialidade, a infância precisa ser respeitada, resguardada das intempéries a que é submetida pelas diferenças sociais, famílias disfuncionais, descaso, abandono, abuso. Os milhares de “nãos” e de promessas não cumpridas que muitas crianças enfrentam desde sua tenra infância vão paulatinamente apagando o brilho de seus olhos. Nada mais triste do que o olhar de uma criança sem brilho, sem ânimo, sem esperança.

Para que o brilho se mantenha nos olhos da criança enquanto ela cresce, ela precisa ser estimulada em sua curiosidade perene, em seu desejo de explorar e aprender. É preciso compreender que a criança não faz perguntas porque “gosta” de interromper os mais velhos ou de tomar-lhes o seu tempo, mas porque ela simplesmente quer “saber, compreender”. A criança quer saber o porquê das coisas, dos acontecimentos, compreender a falta de interesse dos adultos por ela, porque a professora não sabe porque ela não está aprendendo… afinal, para a criança, os adultos sabem mais, muito mais do que ela, os adultos sabem tudo, são verdadeiros heróis.

Confesso que para mim, nada é mais compensador do que receber um sorriso largo, um olhar brilhante simplesmente porque nos dispusemos a dedicar alguns minutos do nosso tempo precioso ajudando uma criança a decifrar algum dos seus muitos mistérios, dando respostas às suas muitas perguntas e ouvindo as respostas magníficas que dão às nossas perguntas. Fazer isso não exige qualquer habilidade especial por parte do adulto, basta paciência e amor.  É nesse momento de troca que vemos a mágica acontecer, “vemos” o cérebro da criança se acender como se fogos de artifícios o estivesse iluminando de tão rápidas e prazerosas que são as conexões que estão se formando.

Sinto-me privilegiada de poder me dedicar a oferecer às crianças algo que lhes acompanhará pelo resto de suas vidas, um cérebro afiado e uma mente tranquila e saudável. É um prazer enorme me deixar encantar pelas crianças…

Silvana Vacillotto
Silvana Vacillotto
Atualmente atuo como Coordenadora de Desenvolvimento Pedagógico da Brain Academy,
mas entre outras coisas, fui Orientadora Educacional do SENAI-SP;
Assistente de Pesquisa em Psicologia da Educação na University of Nevada, Reno;
Mestranda na University of Illinois, Urbana-Champaign como Fulbright Scholar, e desde
professora até Diretora Acadêmica do Centro Binacional de Belém-PA.
Minha paixão: ajudar o ser humano a se desenvolver!

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