Esperar, desejar, ter esperança. O sentimento de expectativa só pode existir na ausência da realidade, uma vez que o que motiva a expectativa ainda não se tornou real e/ou viável.

Muito se fala sobre expectativas, sejam elas profissionais, de vida, conjugais… Enfim, sempre estamos esperando ou desejando que algo aconteça.  Com as crianças não é diferente.

É comum ouvirmos falar sobre as expectativas dos pais sobre seus filhos. Porém, desde muito cedo, na mais tenra idade, a criança já demonstra expectativas em relação ao meio em que vive e às pessoas com quem se relaciona, principalmente em relação aos seus pais e/ou responsáveis. Costumo dizer que quando convivemos com uma criança, estamos expostos numa vitrine, o tempo todo sendo observados e imitados.

Toda criança não só necessita como também deseja ser amada, respeitada, elogiada, reconhecida em sua criatividade, em seu aprendizado. Quer ser ouvida e atendida em suas necessidades.

Ainda recém-nascida, deseja ser suprida, mesmo que instintivamente, ao seu choro (pedido) para que seja feito algo que sacie sua fome.  As crianças querem ser defendidas e protegidas.

No núcleo familiar, as vivências que ocorrem entre pais e filhos no período da infância são de fundamental importância no desenvolvimento de suas habilidades socioemocionais. Essas experiências são registradas com o auxílio das emoções e estão presentes o tempo todo, interferindo e ajudando a compor sua história. Sendo assim, nós, pais, precisamos validar e perceber o que os nossos filhos têm de expectativas sobre nossas posturas, nossos olhares, a forma como oferecemos tempo em quantidade e qualidade para eles, a nossa disponibilidade em ajudá-los e ensiná-los a regular suas emoções. É importante lembrar que ao permanecermos conectados, legitimando as emoções de nossos filhos, construiremos   uma via de acesso mais aberta e sólida ao mundo interno deles.

Não basta dizer a um filho “eu te amo” se essa fala não for acompanhada de estabelecimento de regras e limites claros, respeito, aceitação e valorização. Amar é acolher, é proporcionar um ambiente em que o filho tenha o sentimento de pertencimento, é desenvolver a autonomia, estimular suficiente e adequadamente, sem ¨espremê-lo¨ cognitivamente com altas exigências e estresse, mas sim colaborar com o seu neurodesenvolvimento. Amar é favorecer a capacidade reflexiva do filho, do desenvolvimento da sua identidade e da fantasia.

 O amor precisa reger fortemente o atendimento da expectativa que um filho tem, ao acreditar e esperar que no interno de seus pais existe uma fonte inesgotável dessa emoção por ele.

Ao serem atendidas tais expectativas citadas acima, essas irão colaborar para a formação de um ser humano autoconfiante, autoconsciente de suas habilidades e dificuldades, forte na tomada de decisões e hábil na regulação de suas emoções.

Precisamos refletir:

Eu tenho sido responsivo, atendendo as expectativas que meu filho tem sobre mim como pai?

Eu percebo quais são as expectativas dele sobre mim?

Marisa Ramos Ferreira
Marisa Ramos Ferreira
Psicóloga da Infância e Adolescência
Especialista em Neuropsicologia

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