Passar por uma crise não é algo nada agradável. Somos expostos a perigos reais e imaginários, inseguranças, medos, estresse e todo tipo de sentimento que procuramos evitar ao máximo no nosso dia a dia. Muitos transtornos e doenças emocionais, aliás, são consequência de uma vida cheia de estratégias de fuga e negação dos problemas que nos afogam no meio desse lago de emoções desagradáveis. A vida, porém, muitas vezes nos coloca em situações das quais não conseguimos nos esconder, fugir ou fingir que não estão acontecendo.
Este é um desses momentos inevitáveis e totalmente fora do controle pelo qual passamos como humanidade. Todas as nossas necessidades mais profundas como segurança, autonomia, sentido e coerência estão abaladas.
A tão famosa resiliência está em prova real. Como estou reagindo no meio dessa pandemia?
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Estou olhando para trás e me culpando de várias atitudes que deveria ter tomado? Gastei todo o dinheiro sem pensar em reserva, não cuidei bem dos problemas de saúde e por isso faço parte do grupo de risco, poderia ter me mudado para o interior naquela época etc.
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Estou fazendo força para me concentrar em outra coisa para evitar pensar no problema.
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Estou ansioso e olhando para o futuro, sem esperança e de forma catastrófica.
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Fico culpando os outros, a conjuntura, o sistema etc.
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Fico tentando esconder os meus medos de mim mesmo e dos outros.
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Estou tentando controlar todos ao meu redor pela preocupação de que adoeçam. Acabo tornando a quarentena um inferno dentro de casa.
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Estou comendo tudo que vejo pela frente, bebendo para anestesiar as emoções, tendo comportamentos autodestrutivos?
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Estou obsessivo, tentando ouvir todo o tipo de notícia para me proteger e agir com antecipação?
Ou
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Estou me reconfortando e buscando dentro de mim esperança de um tempo melhor.
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Estou aprendendo com meus erros e entendendo a oportunidade de mudança.
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Estou equilibrando meu foco em trabalhar, entender o momento, enfrentar os problemas, ajudar e apoiar minha família?
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Compartilho meus sentimentos e procuro ouvir e compreender como outros estão se sentindo. Melhorando minha escuta para aprender e ser confortado pelo outro também.
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Estou aceitando o que não posso controlar e fazendo o que posso fazer para ajudar a mim mesmo e ao outros?
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Estou tendo atitudes saudáveis para mim mesmo?
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Estou questionando valores e prioridades diante da finitude da vida?
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Estou refletindo no meu próprio desenvolvimento?
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Estou agindo para desenvolver ainda mais meus relacionamentos familiares.
O primeiro passo importante para superarmos a crise de forma saudável é reconhecermos como agimos e reagimos neste momento. Ser um observador de si mesmo, do seu mundo interior com uma certa distância e sem julgamento nos coloca na possibilidade de ampliarmos nosso ponto de vista e enxergarmos novas maneiras de agir e reagir. Tomar uma certa distância de si mesmo para uma reflexão mais profunda é essencial no nosso processo de crescimento e desenvolvimento.
Para desenvolvermos a inteligência socioemocional, que tem como produto a resiliência e formas saudáveis de enfrentamento de crise, é necessário um pilar importante: a autoconsciência. Consciência significa, de forma simplista, trazer à luz aquilo que nos está oculto. Todos nós temos pontos cegos na nossa forma de nos enxergar e que empoderam uma ação automática e involuntária que nos sequestra em momentos de crise. O autoconhecimento contribui para desativar o poder do funcionamento automático inconsciente.
Mudar a direção do olhar, do foco de atenção para alcançar novas perspectivas é apontar para uma luz no fim do túnel da mudança, da renovação e da transformação de vida e de comportamentos, ou seja, um caminho para o amadurecimento.
Para isso, muitas vezes é necessário subir para lugares mais altos, de onde podemos ter outro ponto de vista. Subir ao cume do monte no seu mundo interior é uma jornada interessante, quando tudo aqui embaixo está confuso. Subir significa desapegar de uma rotina louca, acelerada, que não o deixa parar e refletir. Enfrentar o medo da solitude, do tédio, da própria mente. O lugar que parece ser o mais amedrontador pode ser o lugar mais seguro no seu momento de crise. Desse lugar mais alto, talvez você enxergue não somente o que o bloqueia, mas possa ver novos horizontes e novos lugares aonde no fundo, no fundo, você quer muito chegar. Alçar novos voos pode ser um excelente resultado de um tempo de crise!
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