Recentemente, você deve ter visto em suas redes sociais vídeos do desafio “Quebra-crânio”, uma “brincadeira” que a princípio parece inocente, mas se mostra potencialmente perigosa.

            Não se sabe ao certo onde começou, mas ela tem se alastrado nos ambientes virtuais, chegando às casas e às escolas. O desafio consiste em derrubar um colega no chão, dando uma rasteira enquanto ele pula. Parece algo simples, mas provoca uma queda brutal, onde um dos participantes bate a cabeça diretamente no chão, antes que possa se defender.

            De acordo com a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), esta queda pode provocar lesões irreversíveis ao crânio e ao encéfalo (Traumatismo Cranioencefálico – TCE), além de danos à coluna vertebral. Como resultado, a vítima pode ter seu desempenho cognitivo afetado, fraturar diversas vértebras, ter prejuízo nos movimentos do corpo e, em casos mais graves, ir a óbito.

            Apesar de serem crianças e adolescentes, os responsáveis pelo ato podem responder penalmente por lesão corporal grave e até mesmo homicídio culposo.

            Com isso, muitas pessoas devem estar se perguntando: Por que especialmente os adolescentes buscam se envolver em atividades perigosas, atividades que podem colocar em risco a vida de amigos e inclusive a sua própria vida?

            Estudos na área da neurociência afirmam que no início da adolescência ocorre uma poda neuronal. Nesse período de remodelação cerebral, há uma oscilação do circuito que utiliza um neurotransmissor que faz com que o adolescente busque constantemente prazer e recompensa, a dopamina.

Essa redução natural da dopamina pode dar aos adolescentes um poderoso sentimento de tédio, potencializando o desejo por se envolver em atividades novas, desafiadoras e altamente estimulantes.

Esse envolvimento permite que eles se sintam mais vivos e interessados em buscar emoções e sensações intensas que, na maioria das vezes, podem trazer consequências negativas e, no caso da “brincadeira” em questão, trazer grandes riscos à saúde.

Uma vez que temos ciência dessas alterações, que os adolescentes têm naturalmente esse desejo, o que podemos fazer para ajudá-los?

Em primeiro lugar, alertar os pais, educadores e terapeutas sobre a necessidade de reforçar a atenção sobre as crianças e adolescentes, diante dessa e de tantas outras “brincadeiras” perigosas.

Em segundo lugar, informar e educar os adolescentes sobre a gravidade dos fatos, levando-os à compreensão de que essas “brincadeiras” não devem ser realizadas, e sim evitadas, ou até mesmo interrompidas, para que se previna a ocorrência de novas vítimas.

Por fim, é importante que o adolescente seja motivado a viver novos desafios, desde que eles sejam saudáveis, que se desenvolvam em ambientes seguros, na presença de um adulto responsável e, especialmente, com amigos verdadeiros; não aqueles que mesmo de brincadeira querem dar uma rasteira! Não é mesmo?!

Maewa Martina
Maewa Martina
Doutora e mestra em Educação, na linha Educação Especial, pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Especialista em Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Intelectual pela mesma Universidade. Psicopedagoga Institucional e Clínica pelo Instituto de Ensino, Capacitação e Pós-Graduação. Pedagoga pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Atualmente desenvolve conteúdo pedagógico na Brain Academy. Tem experiência na área da Educação, especificamente em Educação Especial e desenvolve pesquisa com as seguintes temáticas: metodologia de pesquisa, estatística não-paramétrica, psicopedagogia, dificuldades de aprendizagem, concepção de deficiência, atitudes sociais em relação a inclusão, mudanças de concepções e atitude sociais, formação de professores, inclusão escolar e social.

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